sábado, 14 de maio de 2011

I IntraPET da UFRRJ

Hoje, dia 14 de abril de 2011, ocorreu o primeiro IntraPET da história da UFRuralRJ. Esse evento é o encontro de todos os grupos PET existentes na Universidade Rural a fim de que todos se conheçam e troquem experiências.
Bem... como não sou jornalista, restrinjo-me a falar apenas do evento, de como foi e do percurso que fizemos, com enfoque especial no nosso grupo, naturalmente.
O encontro começou 7:30 com um café da manhã no terceiro andar do nosso imponente Prédio Principal, vulgo: P1.
O encontro - apresentações dos grupos e da história da UFRRJ -  aconteceu no Salão Azul.
Nos primeiros momentos tivemos a apresentação de alguns grupos, e como antiguidade é posto, os PETs mais antigos iniciaram as apresentações, dando a palavra, posteriormente, aos grupos mais novos. Não sem antes almoçarmos, é claro.
Almoçamos no CAIC. A comida estava ótima. Parecia preparada com cuidado e apreço.
Mas voltemos ao que interessa...
O nosso grupo, PET - Dimensões da Linguagem, foi o penúltimo grupo a se apresentar.
Fizemos diferente. O nosso tutor, Mario Newman, resolveu inovar a deixar sob nossa responsabilidade a apresentação do grupo. Eu, Camilla Trajano, e o Alexandre ficamos incumbidos de fazer a apresentação - do projeto, dos objetivos, do grupo, das oficinas, das linhas de pesquisas e, na minha cabeça, mais uma centena de coisas, porque é incrível! quando sabemos que seremos avaliados - pois ali, de algum modo, isso aconteceria -, conseguimos pensar em milhares de coisas em um segundo.
No final, deu tudo certo. Apresentamos o grupo, falamos os objetivos e discorremos acerca da comunidade-alvo, que é Seropédica.
Tudo bem que esqueci de falar que estamos sem sala para colocarmos em prática tudo que nossas mentes nervosas criam, mas... fazer o que? Faz parte.
Estamos numa fase de aprendizagem, e decerto esse momento foi fundamental, considerando até mesmo as nossas falhas, talvez principalmente as nossas falhas, pois é em cima delas que calcamos os degraus que nos permitirão chegar ao topo.
Encerradas as apresentações, tivemos uma breve apresentação da história da UFRRJ. Se a faculdade sem a história já é apaixonante, some aos verdes e àquele lindo pôr-do-sol uma bela trajetória. Assim terá uma ideia do que sentimos hoje.
 A efeito de contextualização. A fim de situar o leitor no nosso universo quase que paralelo, pois quem vive no caos do Rio de Janeiro ou de outras metrópoles dificilmente acredita que possa haver universidade assim.
Após a apresentação da nossa querida Universidade, fizemos um tour até o Instituto de Floresta (IF). Lá conhecemos a sala do PET Floresta, que antes era uma guarita, e depois seguimos para o local onde foi realizado o plantio das árvores que representarão os grupos PET na UFRRJ. A árvore plantada por nós foi da espécie Pau-ferro.

Para encerrar em grande estilo, fechamos este dia com um cachorro-quente no quiosque do Reitor.
O encontro foi extremamente proveitoso e divertido. As apresentações foram diversificadas e contamos com a participação de professores muito bem-humorados que, aliás, compuseram um samba que merece ser cantado por todo e qualquer Petiano Ruralino em qualquer encontro PET, seja interno ou externo.
Encerro o post feliz por ter participado de um evento tão construtivo e agradável e, claro, com a esperança de voltar alguns anos mais tarde e ver nossa árvore tão madura quanto nós, que estaremos formados nas mais diversas áreas e atuando como multiplicadores dos saberes, sejam eles acadêmicos ou não.

Petiana Camilla Trajano

Oficina de Produção Textual

No dia 4 de abril o gênero textual abordado foi a crônica, seguindo a tipologia textual da narração. Já na semana seguinte, do dia 11, a professora colaboradora Mônica Piza solicitou que fizéssemos um texto que estivesse dentro do gênero textual poema.

Para não deixar o post mais rico e agradável, publico, a seguir, alguns poemas:
(As autorias estão embaixo de cada poema)

A pimenta eu, Você

A ardência da pimenta me lembra
teu beijo, teu corpo, teu fogo
Essa lembrança me acalenta
Fico boba

Até o molho faz lembrar

planos, cheiros
desejos no ar!

Não sei muito dessa coisa de poema

poesia
Sou só uma guria tola a querer
rimar, combinar, encantar

Senti uma sonoridade em minhas

recordações e
Quis transcrevê-las a fim de ouvir
perdões

Mas...

essa coisa não é pra mim.
A rima boba tem um fim.

Contudo, fica o desejo:

A pimenta eu, Você
Se não é bom de português
pelo menos tente ser

Percebe, e faz acontecer. 

Petiana Camilla Trajano 



Súplica de uma apaixonada


Quem me dera voltar
Poder parar o tempo no instante da sua partida
Da sua ida para o inimaginável
Da sua vinda, minha paz.

Quem me dera seu olhar ao meu encontro
Sua música acalmando meu corpo
Seu corpo acalmando meu espírito
Nós dois, um ser.

Mas o amor determina a chegada e a partida
O começo do fim e o fim por si só
A sinestesia das palavras
O gosto doloroso da matéria prima.

“Amar só se aprende amando”, como dizia Drummond
Mas a saudade não se aprende, não se desprende
A alma suplica pela outra metade, grita, agoniza
Abro minhas asas, vou de encontro a você.

Petiana Cristiane Machado



Fiquei com saudade de você
resolvi revirar algumas coisas minhas
revirei o meu passado
minhas memórias e os retratos
e as páginas da minha agenda

Em tudo encontrei você
não agüentei e quis ligar
resisti aos meus desejos
pois esse orgulho que te afasta
é a vontade de te amar

Fui dormir para esquecer
mas em tudo te encontrava
no travesseiro, no meu cheiro
até nos sonhos que eu sonhava

Acordei disposta a tudo
te aceitei no meu vazio
corri pra você querendo
uma chance, um abraço

Para te completar de novo.

Tive sorte
onde busquei, você estava.

E agora
de outras agendas eu preciso
para guardar nossos sorrisos
e escrever a nossa história

Mais ainda
mais retratos nós teremos
dos beijos quentes e dos momentos
pois ser feliz é o que nos importa mais.
Estar do seu lado
é o que me importa mais.

Petiana Jéssica Alcântara
Minha musa.

Como é bela minha musa.
Tua beleza é tão grandiosa,
Ah, como tu és formosa.
O amor que a vós dedico
é tão grande que minha mente fica confusa

Tua presença é plena
Tua verdade soa serena;
De seus lábios emanam palavras,
Doces, amargas, pesadas, sábias.
Teu saber é imensurável
mas nem sempre
o que falas é agradável

Muitas vezes tu me fazes chorar
Meu coração chega a sangrar
Mas aquilo que me fazes;
sei que não a culpa não te pertence
E a ti é fácil perdoar.

Minha musa arrebatadora
Que conquistou minha alma sonhadora
Tu enches meu espírito de vida,
Assim como a água da vida a um rio.
Amo te minha musa Clio.

Petiana Leticia Lemes




Amigo Alves

Fui a um amigo perguntar
Como se vive essa vida sem chorar
No exacerbado sentimento me encontrava
Governando-me por ele sem a razão
Devaneando por epístolas sem sentido
Procurava nelas o post-scriptum
Cansado de viver no idealizado e inferior
Pedi ajuda a meu amigo
Um frio e resoluto senhor
Que me disse um conselho
Fazendo pose e tom de doutor:
Por amores vividos ou não
Recorra à cirurgia
Suprima o coração




Dedicado ao meu amigo Luís Alves, que sempre
tem um bom conselho a oferecer.

Petiano Leonardo Bispo




Impossibilidade da possibilidade

Sempre defendo-me de teus encantos
Nunca fui alucinada, loca desvairada
Mas sempre tive por ti menina
Doçura, carinho e tantos

Sempre pegas em meu ponto fraco
Me deixa em pedaços
Ao ver teus olhos alados

Que me fazem voar
Em teu riso,
teu gosto
teu cheiro,
que fica suspenso no ar

Tu me
encanta
alegra
e me inflama

Mais logo acordo e me lembro
Que não devo,
Que não posso,
E nem quero me apaixonar

 Petiana Sara

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Oficinas de Produção Textual

Na oficina do dia 20 o tipo textual abordado foi o narrativo, o gênero romance, e a proposta foi que os alunos criassem um minirromance (soa esquisito, eu sei! mas está de acordo com a nova ortografia, podem acreditar!) sobre o tema "relações amorosas na atualidade".

Em breve colocaremos o minirromance escolhido por votação entre os petianos.

No dia 27 trabalhamos novamente em cima do tipo textual narrativo, no entanto, o gênero abordado desta vez foi a fábula. Produzimos fábulas estilizadas, onde os personagens, em vez de serem animais, deveriam ser objetos.

Uma fábula também será eleita para vir parar aqui.

Aguardem...

Enquanto isso, aproveitem mais uns contos!

Tema: Primeira viagem de avião

"Estava chegando o dia da formatura de seu filho mais novo, e seu Vicente já estava arrumando sua mala de couro e antiga; ela estava sobreposta na cama. Ele, de maneira apressada e desordenada, colocava suas roupas na mala. Duas calças sociais e uma calça de pijama, uma camisa social branca e duas camisetas de algodão. Pegou no fundo do armário um, o embrulho muito bem embalado guardava de maneira segura o seu estimado terno. Era o terno que usou em seu casamento e na formatura de sua filha, agora o usaria em outra ocasião muito especial, a formatura de seu filho caçula. Assim que terminou de arrumar sua mala, seu Vicente percorreu sua pequena casa de alvenaria, à procura de seus sapatos. Encontrou-os atrás de um móvel que estava na pequena e aconchegante sala, sustentando os retratos de seus três filhos, dois meninos e uma menina, e também, o retrato de sua amada esposa que já não mais estava neste mundo. Abaixou-se, e com esforço se esticou para pegar seus sapatos. Assim que os pegou, levantou-se de maneira brusca, esbarrando com força no móvel, derrubando um retrato de toda a sua família.
         O porta retrato caiu no chão e quebrou-se. Quando seu Vicente olhou para a foto no chão, seus olhos encheram de lágrimas e, de maneira imediata, suas memórias do dia em que o retrato fora tirado emergiram em seus pensamentos. Suas lembranças foram interrompidas pelas buzinas e gritos de sua filha, que o alertavam de seu atraso. Calçou seus sapatos ligeiramente, pegou a foto, foi até o quarto, pegou que estava sobre a cama, dirigindo-se para a porta. Passou rapidamente pela cozinha, e pegou uma pasta que se encontrava em cima da pequena mesa de madeira rústica, a qual ele mesmo fez há 30 anos. Colou a foto na pasta de papel, colocando-a em baixo de seu braço esquerdo e, com a mão direita, pegou sua mala e saiu pela porta da frente.
         Colocou sua mala no porta mala do carro, entrou no carro sentando-se no banco de trás com seus dois netos, os quais os beijavam e o abraçavam. Seguiram para capital, onde iriam até o aeroporto para irem de avião até o Rio de Janeiro.
         Quando seu Vicente chegou no aeroporto de Guarulhos, assustou-se com o barulho e o tamanho dos aviões que ali chegavam e saíam constantemente. Enquanto sua filha e o marido foram retirar as passagens, ele ficou com os netos sentados nas cadeiras de espera. Seu Vicente estava tentando concentrar-se nas crianças, para não pensar no momento que entrariam no avião. Era a primeira viagem de avião de seu Vicente, e ele estava muito nervoso, suas mãos estavam sobrepostas sobre seu joelhos, uma em cada joelho. Suas mãos estavam frias e o suor começou a escorrer por seu rosto, seus pensamentos e olhares estavam fixos nos aviões que a todo o momento chegavam e saíam. Em sua mente começaram a surgir imagens de todos os acidentes aéreos que ele já teve notícia, sua respiração estava ofegante, seus batimentos cardíacos aumentaram. Então, o grito de seu neto mais novo, de dois anos, que acabara de cair da cadeira, o tirou de seus pensamentos. Quando seu Vicente viu o sangue que escorria do supercílio do pequenino, entrou em um profundo desespero. Sua filha, ao ouvir seus gritos, correu imediatamente. Todos foram para o posto médico dentro do aeroporto, onde o menino recebeu os primeiros socorros. Como seu Vicente estava muito agitado, a enfermeira achou melhor dar-lhe um calmante. Após o garoto receber os cuidados médicos, dirigiram-se ao saguão do aeroporto para enfim serem encaminhados para a zona de embarque.
         Quando entraram no avião, a preocupação de Seu Vicente com seu Neto era tamanha, que se esqueceu de todo o seu pavor em viajar de avião. Ao sentar-se ao lado de seu netinho que estava pegando no sono, o calmante que haviam lhe dado, começava a fazer efeito. Assim, seu Vicente entrou pegou num sono profundo, e em seus sonhos a imagem de toda a sua família junta permaneceu constantemente até ser acordado por sua filha, que o informava que a viagem já tinha chegado ao fim, e eles já estavam no Rio de Janeiro."

Letícia Lemes


Tema:  Último dia no emprego

"A menina bem arrumada com seu uniforme social ía mais uma vez encarar uma longa jornada de oito horas de trabalho. Pensava, como em alguns outros dias, que teria que aturar o chefe novamente. Aquele empregador nunca via nada perfeito na empresa. Reparava nas unhas das funcionárias, se o uniforme estava limpo e passado e opinava até se o novo corte de cabelo não o agradava. Era conhecido na empresa como 'o intragável'.
A menina conhecida como Pati era vista como uma pessoa muito boa. Gostava realmente de ajudar os outros. Em momentos de discussões entre funcionários, conseguia fazer com que tudo ficasse bem. Ouvia fofoquinha daqui e dali e sempre ficava quieta, fazendo com que as intrigas nunca se espalhassem. Era tão doce que logo que entrou na empresa, todos os funcionários desconfiaram de sua bondade. Diziam: “Não é possível alguém ser assim. Alguma coisa ela está tramando”. Porém, nunca encontraram defeitos que assim a caracterizassem. Logo a conheceram e viram que, realmente, ela era diferente.
O chefe visitava a empresa pelo menos uma vez por mês para ver seu andamento. Fazia isto por ser um homem de negócios e atarefado com suas outras quatro unidades. No total, ele cuidava de cinco escolas de idiomas em cinco bairros diferentes do Rio de Janeiro. Costumava chegar de surpresa, mas excepcionalmente este dia, avisou que visitaria a escola na quinta-feira, dia 16 de fevereiro, para dar treinamento, como de costume, aos seus funcionários.
Naquele dia todas chegaram bem cedinho. Prepararam um coffee break para receber o patrão e os funcionários das outras escolas que viriam com ele. Dispuseram-lhes uma mesa recheada de gostosuras e diversos tipos de suco. Bolos, biscoitos, pães, queijo, presunto, chocolates. Todas essas guloseimas encontravam-se arrumadas e prontas para rapidamente serem consumadas. Seria a recepção perfeita.
O chefe chegou quase quarenta minutos atrasado. Seus colaboradores o esperavam ansiosos, pois nunca sabiam com o que ele viria. Sabiam apenas que viria, como sempre, mal arrumado. Tinha por volta de quarenta anos, mas vestia-se como se tivesse quinze. Ia sempre com um tênis branco que já estava encardido. Andava com as roupas furadas e achava que estava na moda. Usava cordões de prata que nunca combinavam com sua roupa e geralmente vestia calças compridas já ultrapassadas. Chegou a ser confundido com um pedreiro um dia. Sua aparência nunca o denotava como um homem rico e de negócios. Entretanto, era assim que se sentia feliz.
Naquela manhã, todos se deliciaram com o café da manhã preparado por elas, inclusive ele. Não sobrou quase nada no final. Porém, a singela recepção não obteve o êxito esperado. O empresário, apesar de não parar de comer, só reclamava do havia na mesa. Dizia que poderia ter sido melhor e que da próxima vez faria em outra escola. Ria, zombava e comia de tudo o que lhe era disponível ali.
Depois que todos comeram, foram para a sala de treinamento. Ele, com todo poder em suas mãos, escolheu a melhor sala e com o auxílio de um quadro começou a dar informações importantes aos funcionários. Andava de um lado ao outro, rodopiava, dava dinheiro aos colaboradores. Gostava de se sentir como um apresentador de televisão. Um pouco medíocre, mas era assim que aparecia. As únicas pessoas que não se divertiam no espetáculo eram as que trabalhavam naquela unidade, especialmente Pati, que a todo o momento estava séria. Parecia estar enfurecida, como nunca visto antes desde que começou a trabalhar lá.
Apesar de ter recebido uma premiação em dinheiro, não estava feliz e, no fundo, já sabia que aquele dia talvez não seria um dia de trabalho normal.
Dirigiu-se ao patrão no final da reunião. Naquele momento sua voz estava trêmula. Ficava assim quando nervosa. Não era por medo, nem por vergonha. Era por raiva. Questionou, juntamente com suas duas colegas de trabalho o porquê da não-premiação de um amigo, que não estava presente na reunião. Indagou que ele era esforçado e merecia ganhar também. Justificaram a falta do amigo. Ele, por sua vez, não recebeu palavra alguma. Ficou sério, falou alto, discutiram todos em tom baixo. Cada um opinava a respeito, mas a palavra final sempre era a do empregador.
O jogo de opiniões só acabou quando Pati, com as mãos nos bolsos, séria, trêmula e com uma voz bem suave o respondeu. Debochou com toda a sutileza de um comentário do patrão. Virou as costas e desceu as escadas, deixando todos espantados. Ninguém nunca esperou uma atitude dela desse tipo.
Em cinco minutos foi demitida por telefone pela coordenadora do departamento pessoal. Nunca se arrependeu daquele ato."
  
Patrícia Oliveira de Freitas

Petiana Camilla Trajano (Letras - Português/Literaturas)

Oficinas de Produção Textual

Pelo fato de o blog ser ainda muito tenro, não tivemos tempo de divulgar os tipos/gêneros textuais já trabalhados na Oficina de Produção Textual.
Porém, nunca é tarde demais.

No dia 6 de abril (quarta-feira) o tipo textual abordado pela Professora Mônica Piza foi o descritivo. Foi pedido que os alunos fizessem um texto todo descritivo com base em suas próprias personalidades.

Na semana seguinte, no dia 13 de abril, foram apresentadas as características do tipo textual narrativo e, com base nelas, foi pedido um texto do gênero textual conto.

Seguem alguns contos produzidos na referida oficina:

Tema: Namoro no Cinema


        "Estava eu e Bernardo no cinema. Era a primeira vez que saíamos juntos. Era o nosso primeiro encontro. O filme era uma comédia romântica o que dava um clima favorável para um romance. Compramos pipoca, um copo grande de Coca Cola e um chocolate.
Sentamos em uma das últimas fileiras, nas poltronas do meio, para termos uma visão privilegiada. Conversamos um pouco até a sessão começar, afinal precisávamos nos conhecer um pouco mais. Meu coração estava acelerado, não sabia como agir, não queria parecer boba e tinha medo de ser atirada. Minhas mãos suavam e eu ria sem motivo aparente. Ele tinha um olhar apaixonante e viciante; um olhar que dizia tudo, super gentil e carinhoso e, além de tudo era lindo.
         Silenciamo-nos para o filme começar, mas eu queria saber mais sobre ele. De vez em quando trocávamos olhares e sorrisos. Eu baixava a cabeça, envergonhada, e não acreditava no que estava acontecendo. Eu queria mais dele.
         De repente, ele me abraça, um abraço envolvente e apavorante. - O que aconteceria depois?- Ele estava super à vontade com a situação e não parecíamos mais tão estranhos como antes. Relaxamos então e partilhamos o momento como se fôssemos de fato um casal de namorados. Nos beijamos. Não encontro palavras que demonstrem o que eu senti quando nos beijamos; quando nossa respiração se encontrou, quando nossos olhos se fecharam ao mesmo tempo, senti nosso coração pulsar aceleradamente e nossas mãos tentarem encontrar um ao outro. Fizemos isso repetidas vezes! Não nos importava mais o filme ou quem estava à nossa volta; meus olhos só o procuravam e faziam isso o tempo todo. Meus olhos e minha boca.
         Não foi o meu primeiro beijo, mas eu o queria muito e já esperava quase que inquieta por aquilo. Eu já estava paquerando o Bernardo fazia tempos e imaginava como seria se estivéssemos juntos. Ensaiava as minhas falas e as dele, tudo na frente do espelho.
Depois disso ríamos mais ainda sem motivo. Continuávamos a nos olhar. Como se quiséssemos gravar aquele momento em nossa lembrança.
         O filme já não tinha sentido para nós. Então começamos a cochichar. O escuro traduzido naquela sessão de cinema permitia que nos olhássemos e não que nos enxergássemos. Precisávamos sentir um ao outro, fazíamos isso com as nossas mãos, nossa boca, nossos olhos e, agora através da nossa fala que nos aproximava ainda mais.
É possível imaginar o rebuliço que causamos dentro do cinema por causa da nossa conversa. As pessoas começavam a reclamar. Era xiu a todo momento. Ficávamos quietos, mas, quando esquecíamos, voltávamos a falar novamente.
         Foi então que entrou um funcionário do cinema e pediu que nós saíssemos. É claro, nós saímos rindo e muito. Eu sabia que estávamos errados, fiquei sem graça por ser expulsa, mas eu estava com ele e naquele momento eu topava tudo.
         E do lado de fora do cinema fazíamos nossas confidências e agora também nossas declarações, as mais variadas. Rimos e falamos daquele dia que seria inesquecível para nós. E mais uma vez, nos beijamos repetidas vezes."

Jéssica de Almeida Alcântara


Tema: Último dia no emprego

            "Geraldo, homem humilde, inspetor da escola Maria José, localizada no subúrbio do Rio de Janeiro, atingindo a idade de 60 (sessenta) anos, com uma renda equivalente a um salário mínimo, havia ganho a bolada de R$45.000.000,00 na Mega-Sena que estava acumulada há alguns meses. Quarenta e cinco milhões de reais!!! É bom acrescentar que, diante das dificuldades, o admirável homem não aparecia um dia sequer sem o sorriso estampado no rosto. Geraldo Tavares da Silva era, de fato, um homem feliz.
            Toda noite, antes de dormir, o senhor rezava e agradecia a Deus pela família – mulher e dois filhos –, pelo emprego, mas sempre somava ao agradecimento um comentário simples: sou feliz, Deus, mas seria muito mais se num jogo de azar eu tirasse a sorte grande. Quero ser nobre e dar o melhor para a minha família. E encerrava dizendo: obrigado, Pai.
            Aquele inspetor baixinho, orelhudo e gordinho era muito querido pelas crianças que estudavam na escola na qual trabalhava, talvez pela aparência de ursinho de pelúcia, daqueles de “camelô”. Não havia um dia em que o “ursinho” fosse embora sem receber menos de quinze abraços. Suas aspirações não eram das maiores. Só queria um pouco de dinheiro para colocar seus filhos numa boa escola particular, mais um tanto para comprar um carro para passear com a sua muiézinha – era assim que ele a chamava! –, e mais um resto para comprar uma casinha para a família.
            O dia chegou! Em casa a alegria era tanta que foi dividir com a vizinhança, em seguida ligou para o chefe contando a novidade, e foi aí que o chefe chamou Geraldinho para uma reunião.
            - Que bom, meu querido! Meus parabéns! Eu não tinha dúvida de que sua recompensa viria na hora certa. Você é um homem muito esforçado. Apareça amanhã, uma hora antes do início do seu expediente, em minha sala para conversarmos. E desligou.
            Geraldo, dedicado que era, no horário acertado, estava lá, em frente à porta do chefe, esperando. Esperando. Esperando. Esperando. Esperando. Esperou cinquenta e sete minutos até que o chefe chegasse. Nesse tempo pôde até fazer contas para ver o quanto sobrava e entre quem distribuiria o dinheiro. Decidiu, inclusive, que daria R$10.000,00 para escola a fim de melhorar a sua estrutura. Sim, daria; sem esperar retorno. Enquanto concluía isso, era capaz de imaginar a felicidade das crianças ao verem o espaço escolar sendo reformado. Era tanto apego! Dele com elas e delas com ele.
            Passados vinte minutos de reunião, os dois saíram da sala. O chefe, feliz. Abraçou o funcionário-amigo, deu um tapinha costas e despediu-se. Geraldo, triste, cabisbaixo. Sem qualquer ânimo, nem para retribuir os votos de faça bom uso do dinheiro e não se esqueça do grande homem que você é.
            As crianças estavam eufóricas para vê-lo. Queriam parabenizá-lo pela sorte grande e comemorar com muitos abraços a nova etapa da vida daquele homem que tanto merecia. A notícia já havia corrido a escola inteira. Mas Geraldo não estava para festas. Para conversas. Para piadas. Para abraços. Para congratulações. Tampouco para sorrisos.
            Em casa, o desânimo era o mesmo. A apatia não mudava. Nem diante da felicidade dos filhos ao terem, finalmente, a certeza de que o futuro seria promissor.
            Durante uma semana inteira não houve nenhuma oscilação de humor.
            E desse mesmo modo seguiram-se mais sete dias. Semana longa para quem via de fora o que estava acontecendo com Geraldo, mas rápida para ele, que só pensava em parar o tempo. A alegria desaparecera por completo depois daquela reunião e a indiferença com relação à vida era total.
            Na sexta-feira, dia 13 de setembro de 1967, Geraldo chegou à casa e disse à esposa:
            - Muié, hoje foi meu último dia no emprego. Há duas semanas tentei olhar o máximo que pude pra ver se encontrava alguma coisa de ruim naquele lugar. Não tinha. A verdade é que eu não quero sair de lá. Eu amo aquela meninada. E eles me amam também, eu sinto, eu vejo. Me diz... como é que eu vou subir na vida sem o meu trabalho? Eu tenho certeza de que se tivesse alguma coisa de mau, Deus me perdoaria por largar aquilo tudo. Mas não tem. Eu quero ser nobre.
            Geraldo Tavares da Silva era daqueles homens que acreditavam que a nobreza vinha através do trabalho. Só queria ser o mesmo, com um pouco mais de requinte e com a segurança de um futuro melhor na família."

Camilla Gomez Carballo Trajano 


Tema: Sala de aula

Uma batalha.

            "Numa sala verde, um verde anêmico, estão os alunos à espera da professora. Luísa é a mais 'nojentinha' da turma segundo Ruam, o sincero. Este trajava-se de uma calça jeans azul bem lavada, sua blusa era a do colégio, colégio que ele detestava, estava ali por causa de sua mãe; seus cabelos castanhos traziam consigo uma beleza. Já Luísa ornava-se com uma saia que não parecia dela e, sim, de uma irmã mais nova, de tão curta que era. Vestiu-se assim propositalmente, queria mostrar as pernas, que eram morenas. Percebia-se logo que a depilação estava em dia, era uma tentação Luísa ir daquela forma. Até Ruam, sem querer, observara os dotes da “nojetinha”.
Havia dois grupos na sala. De um lado, o do Ruam, e do outro, o de Luísa; não viviam em amores. O primeiro era mais crítico, gostavam de protestar; quando o professor atrasava, lá iam eles indagar. Em contrapartida, o segundo era um pacificador nato e bajulador singular, puxava saco, cabeça, olhos, o que se podia puxar, puxavam; não gostavam, portanto, de que criticassem o professor, nem pensar. A primeira a dar um ataque era Joana, que bajulava a todos, de Luísa a diretora.
           Os grupos estavam de lados opostos tanto na sala quanto na vida estudantil, era uma guerra fria. A fileira do meio era o muro de Berlim e ai daquele que ousasse ultrapassar. Ruam ficava do esquerdo com seus cinco colegas, três meninas e dois meninos, todos na faixa dos dezesseis anos. A saber, falavam sobre a política, este era um dos temas preferidos, além de falar mal dos outros. Luísa, por sua vez, dialogava sobre moda, adorava falar sobre coisa desse gênero, mas não era para menos, o grupo era composto por cinco garotas e um garoto heterossexual (mas meio afeminado).
A professora de Literatura estava demorando. Era uma pessoa grotesca sem motivação para lecionar, detestava seu trabalho, falava mais sobre sua vida do que o assunto referente à disciplina; vestia-se de forma estranha, diria até anormal, usava óculos, tinha cabelos castanhos enrolados que mal penteava e nem, ao menos, tratava com a devida higiene. Era a temida no colégio; por onde passava, deixava um sentimento de medo e temor.
Cansados de esperar, Ruam e seus colegas foram ver o que havia ocorrido. Joana, de pronto, levantou suas grossas sobrancelhas apontando aos demais a movimentação. Atinando para tal ação, Luísa indagou aos que se erguiam:
- Vocês já vão perturbar a professora? Pôxa! Ela deve estar ocupada!
            Isso foi bastante para que a sala virasse uma batalha de guerra. Ofensas eram proferidas sem constrangimento algum, quiçá alguns palavrões ao fundo. Estavam quase se agredindo fisicamente; ora, leitor amigo, o muro de Berlim não estava presente para separar os sistemas. Escutavam-se verbetes de nível paupérrimo da língua, a grande questão era: quem bateria primeiro? A professora mal amada! Esta chegou no calor da discussão e não quis nem saber, mandou a todos para a direção e deu-lhes uma suspensão de uma semana. Para a felicidade do muro de Berlim que não suportava mais sustentar tão grande fardo."

Genilson dos Santos Jesus Ribeiro

Tema: Primeira viagem de avião

          "Lembro-me como se fosse ontem, era um lindo dia de verão, a luz do sol fazia força para entrar pela cortina azul turquesa do meu quarto, os passarinhos já cantavam com todo empenho e, de longe, já se sentia o cheirinho do café com leite recém colhido pelo meu avô Gaspar. Eu, como uma menininha de cinco anos em seu primeiro dia de aula, pulei com o pé direito – claro, para dar sorte! - da cama e corri em direção à minha mãe, que arrumava com carinho uma bolsinha à parte para ser levada comigo na minha primeira viagem de avião.
         - A Tia Eli disse que é sempre bom levar um cobertor com a gente, ela disse que faz muito frio dentro daquele negócio!
         Eu apenas sorri. Minha mãe estava radiante, encantada com aquela nova experiência desconhecida por todos e que seria vivida por mim a algumas horas. Se ao menos eu pudesse levá-la comigo...
         Corri em direção ao banheiro, tomei uma rápida ducha, bebi meu café em seguida e fui para o jardim. Lá estava meu avô Gaspar, noventa e dois anos, cuidando das flores como se fossem filhas e como era de se esperar, fumando escondido outra vez.
         - Vô! – exclamei com força, mas confesso que não muito surpresa com aquela cena – fumando de novo? Vou contar para a mamãe!
         Meu avô deu uma risadinha travessa e me chamou para ajudar com as flores.
         - Maria... você tem que entender que seu velho não tem mais tempo para pensar em nada ruim. Tenho sua mãe, você, minha horta, a Cindy – era a nossa vaca, ela tinha esse nome por causa de uma pintinha que ela tinha em cima da boca, igual à Cindy Crawford – sou feliz, sou muito feliz e não tenho mais do que reclamar nessa vida. Vamos, me ajude a regar essas rosas. Tenho um presente para você depois disso.
         Eu o ajudei, como sempre fazia, a regar as flores... Meu avô era um homem muito habilidoso, recuperava flores dadas como mortas em um piscar de olhos. Até hoje eu não sei como ele consegue isso melhor do que ninguém. Ou melhor, acho que sei sim...
         Voltamos para casa, minha mãe ainda arrumava uma bolsa que mais parecia uma segunda mala, com biscoitos, doce de abóbora que ela tinha feito de madrugada e “estava delicioso”, suco de abacaxi com hortelã, chiclete, pois ela tinha ligado outra vez para a Tia Eli, que dessa vez a alertou sobre a dor de ouvido que o avião sempre causava nela.
         Fui ficando cada vez mais nervosa, mas sabia que aquilo tudo era por uma causa maior. Muito maior.
         Meu avô me chamou no quartinho dele – como cheirava a cigarro, nossa! – Aproveitei e abri a janela para ventilar. Ele me deu um embrulho e pediu para que eu só abrisse quando já estivesse dentro do avião. Eu obedeci.
         Após isso, ainda passei um tempo no jardim, tive medo, chorei baixinho, me senti como se estivesse indo embora para nunca mais voltar. Mas voltei para casa após o grito da mamãe me chamando para almoçar.
         Comi seu famoso frango de panela (eu mesma a ajudei a preparar ontem à noite!) e me arrumei para a grande hora.
         Entrei no carro do meu avô que, por mais incrível que pareça, ainda dirigia. E muito bem.
         Chegamos ao aeroporto, após umas quatro horas de viagem. Meu corpo começou a tremer, sentia um friozinho na barriga a cada vez que o relógio corria. Até que é chegada a hora.
         Ouvi uma voz engraçada de uma moça dizendo que estava na hora dos passageiros entrarem. Era o meu voo. Eu iria voar!
         Me despedi do vovô, que continuava com aquela carinha travessa, mas que escondia uma lágrima no canto dos olhos e da mamãe. Ela eu nem preciso descrever. Me abraçava tanto, tanto... Como mamãe ficava linda no vestido rosa que eu tinha dado pra ela no Natal passado.
         Finalmente, entrei no avião. Esperava mais, de verdade. Nos filmes ele parece tão grande, tão cheio de utilidades... Mas, enfim, sentei e esperei decolar.
         Tudo correu bem, não senti enjoos, não tive dores no ouvido como dissera Tia Eli e nem ao menos senti frio. Mas olhar pela janela... nossa! Aquilo realmente me deixou emocionada.
         Abro o presente do vovô e mais uma surpresa: a foto da vovó. Pelo menos eu acho que era ela mais nova. Uma moça sentada no cavalo. Linda, linda... E se parecia com a minha mãe. Chorei muito, finalmente descobri que eu estava me tornando uma mulher, meu avô, com certeza, iria me contar a verdade sobre ela na volta.
         Cheguei bem, rápido, acho até que cochilei um pouco. Esperei minha mala chegar (por uma máquina muito engraçada, que corria a bagagem de todos que estavam no avião, pensei o que poderia acontecer se eu não conseguisse pegá-la a tempo, mas tudo deu certo!)
Meu telefone toca, é uma mensagem dizendo “já estou aqui”. Eu corri, corri tanto que esbarrei numa moça, deixei as coisas caírem, o doce de abóbora da minha mãe se abriu dentro da minha bolsa... mas eu nem liguei.
         Ao final de tudo, o motivo para o qual toda aquela correria e loucura faria sentido: no cantinho, sentada no chão me esperando com a cabeça baixa, minha irmã."

Cristiane da Silva Machado

Há mais contos para serem postados aqui.
No entanto, para que o leitor não fique cansado, deixo para o próximo post.

Petiana Camilla Trajano (Letras - Português/Literaturas)